A produção de ferro gusa[i] a partir do alto forno abastecido com carvão vegetal também é uma peculiaridade do Brasil. Das 12 milhões de toneladas de ferro gusa[1] produzidas por ano nestes altos fornos 15 % são de usinas integradas que o utilizam para fabricação dos seus produtos finais, como vergalhões, tubos e etc.

Os 85% restantes são de produtores independentes que os vendem para fundições e principalmente para exportações, neste caso trata-se portanto de um produto de baixo valor agregado. Sendo que 80% destes produtores independentes produzem o carvão vegetal através da madeira retirada de florestas nativas e utilizam fornos do tipo rabo quente ou circular. Estes fornos rústicos, além de não aproveitar os subprodutos da queima desta madeira, causam uma poluição do meio ambiente, porque estes tipos de processo utilizam uma técnica ultrapassada)[ii]. Além deste problema a queima de madeira ilegal perpetua um tipo de Mão de Obra, cuja ocupação é considerada de subemprego, que não agrega valor a comunidade local.

1.2.4 A  Dois exemplos de carvoaria irregular


Fonte: Wikimedia (foto 1) Marco Evangelista  e (foto 2) Wilson Dias

Conforme dados de 2009, provenientes do livro Estudo Setorial da Siderurgia do Prof. D’Abreu, o custo do carvão oriundo do reflorestamento é próximo ao do coque, enquanto o carvão proveniente de uma mata nativa é oferecido pela metade do preço. A produção da região norte do Brasil corresponde a aproximadamente 35 % da produção de ferro gusa de origem vegetal do país. A maior parte do carvão utilizado na produção desta região é oriundo do desmatamento da floresta amazônica e a quase totalidade da produção de ferro gusa e destinada a exportação.

O consumo médio do carvão vegetal destes produtores independentes de ferro gusa se situa na faixa de 670 kg/ toneladas de ferro gusa produzido. O ferro gusa oriundo do carvão vegetal, tem um baixo teor de impurezas (como o enxofre e outras) que lhe confere uma boa qualidade para uso na fabricação de ferros especiais utilizados na fundição de determinados produtos como blocos de motor, sapatas de freio, discos de freio, eixos e etc. Esta é uma das razões pela qual empresas estrangeirais tem muito interesse no ferro gusa produzido no Brasil com carvão vegetal.

O desenvolvimento de processos de redução direta, estão em alguns casos em fase de teste industrial e outros já estão em operação e podem reduzir substancialmente o consumo seja do coque ou do carvão vegetal na produção do ferro gusa. Isto resultaria em um grande avanço na redução das emissões de gases de efeito estufa e na preservação do meio ambiente. A Cia Vale do Rio Doce, por exemplo, já adquiriu os direitos em desenvolver um processo de redução direta.

O carvão vegetal é um biocombustível sólido e no Brasil o seu maior consumidor é o setor siderúrgico. Com a finalidade de se tornar uma atividade sustentável a produção deste biocombustível deve seguir parâmetros de replantio ordenado e transformação da madeira em carvão em fornos apropriados de forma a obter um melhor rendimento por área plantada, por peso, não emissão do gás metano, ausência da emissão de outros gases e redução na geração de finos de carvão.

Com a finalidade de desestimular o desmatamento de mata nativa para uso final na produção do carvão vegetal, novas técnicas e estratégias de reflorestamento tem sido incentivadas como solução para evitar o desmatamento. Uma atenção especial deve ser dada ao reflorestamento planejado para produção do carvão vegetal. A maioria das grandes siderúrgicas do Brasil apresenta resultados nos quesitos relativos ao meio ambiente comparável às melhores da Europa e do Japão.

Ainda no setor metalúrgico poderíamos citar o alumínio que é bastante utilizado na confecção de peças para os veículos automotores. Cabeçotes dos motores, carcaça de caixas... É um metal que demanda uma enorme quantidade de energia elétrica para ser produzido e a emissão de gases do efeito estufa fica por conta desta energia elétrica (no mundo todo, onde se produzir alumínio)[i].


Obtenção de recurso energéticos no Século 18

No século 18, a maioria dos utensílios e bens de consumo eram obtidos através de uma prospecção superficial e as árvores eram uma importante fonte de energia através da queima da madeira e do suprimento desta para a construção de casas, embarcações e etc. Por esta razão, que, ao final do séc. 18, as árvores na Grã Bretanha já tinham sido praticamente todas derrubadas e com isso surgiu a necessidade do uso de uma fonte de energia alternativa. Esta necessidade levou a população ao uso do carvão que, na época, existia em grande disponibilidade, naquela época a capacidade de extrair energia do carvão foi considerada uma inovação tecnológica e esta marcou o início da era industrial.

Fonte: Organização Mundial do Comercio (OMC)




[i] Lovins, Amory B. Lovins, Hunter L. and Hawken, Paul. Natural Capitalism: Creating the Next Industrial Revolution, By. Published by Back Bay books October 2000.




[ii] Livro Estudo Setorial da Siderurgia do Prof. D’Abreu.